Após muitos anos como professora em Stanford, ouvindo estudantes falarem sobre os rótulos que haviam recebido na infância e adolescência, nós decidimos trabalhar com a Citizen Film para fazer este curta-metragem. Muitos dos alunos haviam sido classificados como “superdotados” ou “inteligentes” nos tempos de escola, e esses rótulos, cheios de boas intenções, acabaram resultando em desafios de aprendizado mais à frente em suas vidas. A maioria das pessoas percebe que é ruim não ser considerada tão talentosa quanto as outras. A rotulação de alguns alunos transmite mensagens negativas sobre o potencial que estão em descompasso com importantes conhecimentos sobre a neuroplasticidade, mostrando que o cérebro de todo mundo pode crescer e se modificar. No entanto, poucas pessoas percebem que esses rótulos são prejudiciais também para quem os recebe. Em Stanford, muitos alunos foram rotulados como superdotados no jardim de infância ou no 1º ano do ensino fundamental e receberam vantagens especiais desse ponto em diante, levantando muitas questões sobre a equidade nas escolas. No entanto, rótulos e ideias relacionadas à inteligência e ao talento carregam consigo conceitos fixos sobre habilidade, sugerindo aos alunos que eles nascem com um talento ou um cérebro especial. Quando eles são levados a acreditar que são superdotados, ou têm um “cérebro matemático” ou são “inteligentes” e, mais tarde, sentem dificuldades, esse enfrentamento é absolutamente devastador. Ao se depararem com dificuldades, os alunos que crescem achando que têm um cérebro especial muitas vezes abandonam as disciplinas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Nesse momento, eles começam a acreditar que não eram, afinal, prodígios, ou que o talento “acabou”, como reflete um dos alunos em nosso curta.
No filme, que eu recomendo muito que você assista, também ouvimos alunos de uma escola local de ensino fundamental falarem sobre suas experiências de aprendizado livres de rótulos. A escola deles não incute nos alunos a ideia de que alguns estudantes são inteligentes ou talentosos; em vez disso, compartilham nossas mensagens e vídeos do youcubed sobre o alto potencial de todos para crescer e mudar seu cérebro. Sua comunidade matemática valoriza todos os tipos de alunos e comunica que todos têm ideias interessantes e únicas a partilhar. Os professores sabem que a resolução cuidadosa de problemas exige tempo, conversas e muitas perguntas de todos. Os alunos do quarto ano entrevistados ilustram as diferentes ideias que os estudantes podem desenvolver quando recebem mensagens de crescimento cerebral e alto potencial acadêmico para todos, em vez de mensagens de alto potencial acadêmico para apenas um círculo limitado de pessoas.
Tanto rótulos quanto dicotomias são prejudiciais na educação. Em vez de decidir que alguns alunos são “inteligentes” ou “prodigiosos”, devemos reconhecer que todos estão em uma jornada de crescimento e devemos celebrar o potencial de crescimento de todos. Se você gostar deste filme e achá-lo importante, compartilhe-o no Facebook, Twitter e em qualquer outra mídia social que você usar. Queremos que isso ajude a gerar importantes mudanças na educação.
— Jo Boaler